segunda-feira, 29 de abril de 2013

Os mamutes estão voltando

Cientistas japoneses planejam até 2017 “ressuscitar” um mamute. Atualmente genetistas de todo o mundo já estão trabalhando em clonação de animais extintos ha dezenas de milhares de anos. Alguns especialistas afirmam que dentro em breve a Terra irá parecer com o filme holliwoodiano "O Parque dos Dinossauros", outros exortam a não confundir a realidade e as campanhas publicitárias.

Já não é o primeiro decênio que a ideia de clonar qualquer animal extinto está impacientando os cérebros quase científicos e as amplas camadas da população. No entanto, hoje em dia, ninguém fala a sério nem por brincadeira na ressuscitação de répteis pré-históricos. Por encontrar-se no solo durante períodos demasiado longos, seus ossos não se conservaram deixando só impressões fossilizadas.
Mas o caso do mamute-lanoso é bem diferente. A história destes animais começou quase simultaneamente com a história do ser humano, embora o fim da primeira foi muito mais precoce. Ao contrário dos dinossauros, cujos restos são encontrados mais frequentemente em desertos cálidos e pedregosos, os mamutes jazem congelados no permafrost das áreas circumpolares da Sibéria e América do Norte. Essa espécie de “frigorífico” permitiu conservar seus tecidos brandos, ossos e, às vezes, inclusive a pelagem ao longo de milhares de anos.
É a partir daí que surge o milagre de clonagem de mamutes, na qual os cientistas pela primeira vez – embora com enorme dose de ceticismo – começaram a falar a sério. O único que os cientistas necessitam para tal é um fragmento de tecido da espécie extinta que contenha ADN em estado de boa conservação. A materialização do projeto é perfeitamente factível mas não produzirá nenhuns efeitos positivos, acredita o biólogo, jornalista científico e editor do site Vechnaya Molodost (Juventude Sempiterna), Alexander Chubenko:
“Não se sabe de que maneira os genes se dispunham nos cromossomos, e não estou certo, aliás, se é conhecido o número de cromossomos, porque o que podem conservar os tecidos congelados até tal grau são apenas restos ou porções do ADN. Além disso, é bastante duvidoso que o útero de elefante aceite um embrião de mamute, mesmo se este for obtido. A ideia de Jack Horner, da Universidade do Estado de Montana, é muito mais interessante e promissora. Ele pretende fazer uma “dinogalinha” ou um “galinhassauro”. Trata-se de pegar na galinha e despertar nela os genes adormecidos que atualmente já não funcionam, e então, talvez no final de várias evoluções, do ovo de galinha sairia algo parecido a um filhote de dinossauro.”
Na opinião do especialista, um experimento científico de tal natureza custaria cerca de 2 milhões de dólares, enquanto os gastos com a clonagem do mamute poderão ascender até a vários bilhões. Empresários norte-americanos oferecem aos inconsoláveis donos de mascotes finadas o serviço de “ressuscitação” destas por uma remuneração incomparavelmente mais modesta: a clonagem de um cãozinho ou gatinho amado custa nos EUA por volta de 250 mil dólares. Mas a clonagem de um animal doméstico e a de um mamute são duas coisas bem diferentes, pois o mamute, segundo acreditam muitos especialistas, simplesmente não seria capaz de sobreviver nas condições atuais, porquanto o clima da Terra já não é semelhante ao que existira há 400 mil anos.
Entrementes alguns cientistas apenas estão dando os primeiros passos na tentativa de clonar o mamute, outros, da Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália), já reproduziram o genoma de uma espécie rara de rã completamente extinta no início da década de 1980. Aliás, os embriões obtidos não eram capazes de sobreviver. O mesmo aconteceu com a cabra-montês pirenaica clonada em 2009, que morreu logo a ter nascido. Não obstante a isso, os cientistas não ficam desencorajados apostando na iminência de um salto qualitativo na clonagem de espécies extintas. A que resultado poderão conduzir tais experiências? Não obteremos acaso monstros?
De acordo com o doutor em biologia, professor catedrático e diretor adjunto do Instituto de Genética Molecular da Academia das Ciências da Rússia, Viacheslav Tarantul, “está sendo debatido inclusive um projeto tal como a clonagem de um homem-de-neandertal. Não é oHomo sapiens, mas sim a subespécie deste. É uma questão controversa, bem como a clonagem do ser humano. Porque é desconhecido o que é que vai crescer e como tratar tal criatura: como animal ou como humano? Por fim, existem problemas técnicos, morais e, naturalmente, econômicos.”
Para além disso, hoje existe mais um problema bastante importante. Na Yakútia, uma região de permafrost que encerra enorme quantidade de formas de vida esquecidas, desenrolou-se uma verdadeira guerra por restos fósseis de animais extintos. A par de expedições devidamente autorizadas pelo Estado, na Yakútia estão pirateando os “caçadores ilegais de mamutes”. Na sequência do banimento mundial, em 1990, do comércio de marfim, os dentes dos elefantes, dos quais fazem as mais variadas coisas – de peças de xadrez a adornos – só aumentarem em preço. No mercado negro, um par de dentes do elefante pode custar até 75 mil euros. Inclusive a primeira dama dos EUA, Michelle Obama, gosta de aparecer com um colar de marfim.
Enquanto alguns se dedicam a clonagem de espécies animais raras e outros fazem dinheiro com a clonagem, no planeta persiste um problema muito mais importante. A biodiversidade da Terra torna-se cada dia mais pobre. Por isso, muito em breve pode acontecer que o mundo terá que refletir sobre a clonagem de tigres, leopardos e rinocerontes ainda vivos.

Fonte: Voz da Rússia